Continuando o ultimo post, eu estava me referindo ao ritual do Santo Daime, antes eu tinha um certo preconceito por causa da doutrinação e tudo mais. Já tinha experimentado o chá da UDV, e agora que tive a oportunidade de participar, reconheço que estava enganado. Eu tinha a intenção de descrever toda minha experiência, mas vejo que inútil tentar passar tudo o que eu senti. É como tentar lembrar de um sonho muito bom, por mas que vc tente lembrar de tudo, as lembranças fogem da memória. Só me lembro que foi muito bom todo o processo de cura. Dá um alivio tremendo no final, como se eu tivesse lavado a alma. Eu cheguei cansado, não agüentava ficar em pé e queria muito dormir. È lógico que tudo não foi um mar de rosas, passei por uma agonia no começo do processo. Senti a ?Miração? ou ?borracheira? chegando em ondas. Depois, uma energia tremenda vindo do alto. Isso tudo deve ter demorado umas 05 horas, mas é como se tivesse sido num piscar de olhos.
No outro dia me sentia supervivo e estava querendo aproveitar todo o meu tempo livre p/ participar das palestras que aconteciam na Abra 144.
Fiz varias amizades, todos foram muitos legais comigo e com qualquer um que estivesse por lá. Lembro que no ultimo dias, em volta da fogueira, bateu vontade de cantar uma musica latina antiga, que tinha aprendido na caravana arco-íris, era uma musica de criança. Depois, Miguel (Ele é mexicano e morou em Londres), veio falar comigo, agradecendo por eu ter cantado a musica, por que ele se lembrou do tempo de criança . Dae ele me contou a estória dele.
A estória de Miguel
Começa com ele indo trabalhar na Suíça. Depois foi tentar a vida em Londres, onde passou por maus bocados e chegou até a dormir na rua. Disse que o inverno lá é muito rigoroso e em certa ocasião, estava com hemorragia nasal e foi num hospital, onde o medico se recusou a recebê-lo por não ter nenhum documento. Isso o deixou indignado, por que se fosse algo mais serio, ele teria morrido. Trabalhou durante um ano e juntou dinheiro p/ viajar pelo mundo, na França, ele encontrou a Carmen( um doce de pessoa, super simpática). A Carmen é uma Espanhola linda que morava em Granada, litoral da Espanha. Ela estava viajando o mundo sem destino. Desde esse momento, eles não se separaram mais. Eles desceram até a Espanha, onde pegaram um avião p/ Salvador, subiram até Belém, onde viajaram de barco até Manaus. No barco, encontraram um casal que vinha p/ a Abra 144, e em Manaus, um amigo deles também falou sobre a Abra. Dae, eles não tiveram duvidas e foram p/ lá. Eles se sentiram muito bem vindos e ficaram amigos de todos.
O próximo passo deles é ir até Humaitá, depois Bolívia, Peru e subir até o México.
Desejo a eles tudo de bom e que encontre boas aventuras no caminho.
De terça para quarta (de volta a cidade), fui dormir no flutuante de uma amiga minha, nem sabia que Manaus tinha a tal Marina do Davi... È uma sensação muito gostosa ficar no meio do rio negro e sentir o vento bater no rosto. Sem energia elétrica e nenhuma outra comodidade da vida moderna. Depois chegaram o John e o Ian, ambos ingleses. Eles moram lá. Cara, que louco, trocar a Inglaterra p/ morar num flutuante. O lugar é muito legal, tem 4 quartos e uma cozinha comum. No final da noite, John deu um show particular com seu violão tocando varias modinhas de carnaval que fazia tempo que não escutava. À noite, caiu uma forte chuva, acordei com um raio caindo perto de onde estávamos, foi uma barulhão. Nada como acordar com todo o esplendor do rio negro . Fiquei um tempão esperando a chuva passar, ouvindo trilha sonora de desenho japonês...Akira, Naruto, Last Exile, Chobbits e Furi Kuri (FLCL)...ehehehe, devo ser um unico ser humano que tem tesão por escutar essas coisas....Agora que estou em terra firme, o meu corpo fica balançando de um lado por outro. Uma sensação um pouco angustiante no começo. Mas agora ficou tudo bem. Mal posso esperar pelas minhas próximas aventuras.Viva a Vida louca!
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